Introdução
O equilíbrio geopolítico e geoestratégico organizado pelos dois grandes vencedores da 2ª Guerra Mundial - EUA e URSS - constitui um dado essencial na regulação do sistema - mundo. Pois deu origem a dois subsistemas organizados à escala mundial. Com sistemas económicos e políticos opostos: o chamado mundo capitalista, liderado pelos EUA, e o mundo comunista, encabeçado pela URSS, a guerra fria divide o mundo em dois blocos. Provoca uma corrida armamentista que se estende por 40 anos e coloca o mundo sob a ameaça de um guerra núclear.
O pós-guerra
A história dos últimos 50 anos do século XX foi totalmente condicionada pelos resultados da 2ª Guerra Mundial, quando em 1945, depois de 6 anos de batalhas em quase todos os continentes da terra, a Grande Aliança (os EUA, a Grã-Bretanha e a URSS) conseguiram vencer o Eixo (a Alemanha nazista, a Itália fascista e o Japão do micado). No final restavam apenas duas potências, logo chamadas, com toda a razão, de superpotências: os Estados Unidos da América e a União Soviética.
No entanto, mal encerrado o tiroteio, os dois gigantes passaram a desentender-se. Esta ruptura tem, obviamente, causas ideológicas, desacordos doutrinais, que se prende com os fins e com os meios: os vencedores estão divididos sobre a finalidade da ordem política e sobre os métodos a adoptar. Mas isto não é grande novidade. A Grande Aliança entre o ocidente e o leste foi provocada pela agressão da Alemanha contra a União Soviética: as circunstâncias impuseram-na, não derivou dos sistemas ou dos sentimentos, visto a oposição que se inscrevia na natureza dos regimes e da sua filosofia. Os antagonismos haviam sido momentaneamente dissimulados pelo imperativo da luta contra o inimigo comum.
Assim, terminada a 2ª Guerra Mundial, em 1945, os Estados Unidos consolidaram a posição de superpotência capitalista, e a União Soviética, que tinha implantado o Socialismo em 1917, surgia como nação forte e respeitada por todas as demais. De um lado, os Estados Unidos procuravam manter a sua liderança sobre vastas áreas do mundo; de outro, a União Soviética auxilia na expansão do socialismo. Terminada a guerra, muitos países do leste europeu alteram a sua organização económica, política e social de base capitalista e tornam-se socialistas:
- A Jugoslávia tornou-se socialista em 1945
- A Albânia e a Bulgária em 1946
- A Polónia e a Roménia em 1947
- A Checoslováquia em 1948
- A Hungria em 1949
- A República Democrática Alemã Oriental em 1949
Também na Ásia, alguns países optaram pelo socialismo:
- O Vietna do Norte em 1945
- A Coreia do Norte em 1948
- A China em 1949
- O Tibete em 1950
Tanto britânicos como americanos temiam que a Rússia submeta toda a Europa...
Os EUA e a contenção ao comunismo
Dois acontecimentos internos, quase simultâneos, criaram pré-condições para que os EUA se lançassem na Guerra Fria: o primeiro foi a morte do presidente Franklin D. Roosevelt, em Maio de 1945, e em seguida, em 1946, a eleição de um congresso predominantemente republicano (conservador). Roosevelt acreditava num mundo do pós-guerra controlado pelos EUA, em comum acordo com a URSS (denominado de "coexistência pacífica" por Estaline). A sua morte fez com que o seu sucessor Harry Truman, consciente do poder nuclear, abandonasse esta posição, aderindo à tese do "enfrentamento comunista".
A eleição de um congresso onde a maioria era republicana, estreitamente relacionados à indústria de armamento e às actividades anti-comunistas, provocou igualmente uma mudança da opinião pública norte-americana, manifestando-se, simultaneamente, contra as reformas sociais da política do New Deal e contra acordos com os comunistas, estes últimos deveriam ser combatidos. A ascensão de Truman e o congresso republicano tornaram o clima tenso com a URSS. Depois do perigo nazista, os americanos receavam agora os comunistas. O elemento desencadeador da mobilização anti-comunista deu-se depois do célebre discurso feito em Fulton, Missouri, no dia 5 de Março de 1946 por Winston Churchill, quando o ex-primeiro ministro britânico emprega a famosa expressão cortina de ferro, que se abateu sobre a Europa, dividindo-a em duas, conclamando os poderes anglo-saxões, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, a enfrentarem-na.
Com a inversão, a mudança de postura de aliados da URSS para os seus adversários, os Estados Unidos elaboraram uma nova doutrina: a da segurança nacional, que prevê uma luta simultaneamente estratégica e ideológica. Os Estados Unidos tinham agora os seus interesses e as suas bases militares espalhadas por todos os continentes. O seu único rival era o movimento comunista. Para os estrategas do Pentágono, o marxismo não era mais do que o pretexto para o domínio russo do mundo.
Haviam duas frentes de batalha: uma estratégico-militar, que seria coberto por tratados específicos, e outro ideológico, que mobilizaria a opinião pública e o serviço de contra-espionagem (a CIA - Central Inteligence Agency - criada em 1947), para o combate ao "perigo vermelho".
Os soviéticos só seriam detidos se fossem enfrentados. Esta política contribuiu para que os EUA reactivassem a sua indústria bélica para atender as necessidades da guerra fria.
Vemos assim que 1947 consagra a ruptura definitiva entre os aliados. Primeiro a inversão da tendência da política externa dos Estados Unidos: o governo americano suspende a desmobilização e inicia o rearmamento; o orçamento militar vai crescer de ano para ano; além disso, o governo renuncia ao isolamento. Segundo René Remond "é de 1947 que data a elevação dos Estados Unidos à posição de potência mundial..."
A Doutrina Truman e o Plano Marshall
"No inverno de 1946-47, havia dias em que não nos levantávamos da cama, porque não havia nada para comer e nada que queimar para nos aquecermos", recordava em 1997, na revista Foreign Affairs, por ocasião do 50º aniversário do Plano Marshall, o ex-chanceler social-democrata alemão Helmut Schmidt.
A Alemanha era então uma descomunal montanha de escombros, o mesmo se podendo dizer do resto da Europa. A economia do velho continente era de pura subsistência; os racionamentos exíguos e rigorosos; faltavam máquinas e matérias-primas; a inflação produtiva da Europa era equivalente à de 1910.
A América, vencida a batalha contra o nazismo, respondia ao seu instinto isolacionista e pretendia fechar-se sobre si própria. O secretário de Estado adjunto, Dean Acheson, tinha sobre a mesa dados preocupantes: a balança comercial com a Europa estava muito desequilibrada, pelo que, se Washington não concedesse crédito aos arruinados europeus, estes não poderiam comprar produtos morte-americanos, o que, a par de uma recessão incipiente, ameaçava ter efeitos muito graves sobre a economia dos EUA. Viam abater-se sobre a Europa a ameaça de depauperação económica, ideal para um descartamento popular que Moscovo poderia vir a aproveitar para se apoderar do continente.
Era necessário salvar a Europa. Assim, em 1947, Harry S. Truman, presidente dos EUA, apresentou um conjunto de princípios orientadores da política externa dos EUA que ficaram conhecidos por Doutrina Truman, como forma de combater a expansão do comunismo, defendeu que os Estados Unidos deveriam auxiliar qualquer país cuja independência e liberdade fossem ameaçadas por uma agressão externa ou interna ("... creio que a política dos Estados Unidos deve ser a de apoiar os povos livres que resistem a tentativas de subjugação por minorias armadas ou por pressões exteriores...").
Todos se voltaram para George Marshall, o admirado e austero general, que foi chefe do Estado Maior norte-americano durante a II Guerra Mundial, e fora considerado o grande organizador da vitória. Era necessário empreender uma guerra diplomática e Marshall estava melhor situado do que qualquer outro para a levar a cabo a partir do departamento de Estado, cargo para que foi nomeado pelo Presidente Harry S. Truman em princípios de 1947. A 5 de Julho desse mesmo ano, Marshall leu um discurso na Universidade de Harvard. Era uma vaga oferta de contribuição dos EUA para a reconstrução de uma Europa devastada.
Os europeus receberam a oferta de Marshall com entusiasmo. O governo francês pressionado pelos seus comunistas e com o aval de Washington convidou Moscovo a candidatar-se. Em Junho, representantes de duas dezenas de países reuniam-se informalmente na capital francesa, onde a insistência norte-americana para que o programa de recuperação europeia (nome oficial do plano) fosse objecto de consenso e coordenação entre todos provocou a ira de Viadleslav Molotov, Ministro dos Negócios Estrangeiros soviético. Molotov bateu com a porta a 2 de Julho, arrastando consigo a Polónia e a Checoslováquia, ansiosas por participar no projecto.
Dez dias depois da recusa russa, iniciaram-se nas margens do Sena a reunião dos 16 membros para a recuperação europeia: Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal - que recusou o primeiro convite - Reino Unido, Suécia, Suíça e Turquia. Ao plano juntar-se-ia em breve a Alemanha, por insistência norte-americana e apesar dos receios da França. A participação espanhola foi vetada por Truman, a quem repugnava a filiação pró-nazista de Franco. Marshall sempre lamentou que Madrid ficasse à margem da ajuda norte-americana e o militar e diplomata Vernon Walters sempre considerara "injusto" o facto da Espanha ter sido vetada por razões ideológicas.
A administração do democrata Truman apresentou a um congresso republicano um plano de ajuda à Europa no valor de 17.000 milhões de dólares, que só muito dificilmente teria sido aprovado se não tivesse ocorrido em Praga o golpe de estado comunista em Fevereiro de 1948. Como disse com sarcasmo Acheson, "podíamos sempre contar com os russos para fazerem uma jogada que nos conviesse". Truman assinou o Foreign Assistance Act a 3 de Abril de 1948. Assim nascia o Plano Marshall.
A ajuda propriamente dita do Plano Marshall chegou à Europa em Abril de 1948, com um carregamento inicial de 19.000 toneladas de trigo. Durante o primeiro dos três anos e meio de vigência do plano, a ajuda consistiu essencialmente em alimentação de emergência. Mais tarde, 150 barcos diários trouxeram também combustível, matérias-primas e maquinaria, enquanto empresários, gestores e técnicos europeus viajaram até aos EUA para aprenderem o modelo norte-americano de gestão. Entre 1948 e 30 de Setembro de 1951, Washington investiu na Europa 13.300 milhões de dólares.
Winston Churchill considerou-o como "o acto mais puro na história das nações", acto que valeu a Marshall o Prémio Nobel da Paz de 1953, se bem que o acto de Washington não tivesse sido deseinteressadamente, já que permitiria aos EUA vincular fortemente aos seus interesses económicos e estratégicos a outra margem do Atlântico.
Os historiadores divergem quanto ao contributo do Plano Marshall para o renascimento europeu. Alguns calculam que o contributo para o Produto Interno Bruto dos países beneficiários tenha sido de meio ponto durante os seus quatro anos de vigência. Outras consideram que o aspecto decisivo foi o de ter obrigado a Europa a abandonar velhas políticas económicas de controlo que, uma vez desaparecidas, libertaram um crescente potencial de crescimento. O mais importante legado do Plano Marshall foi, na minha opinião, o de ter dado lugar a formas supranacionais de cooperação criadoras de instituições de integração que constituíram o embrião daquilo que é, actualmente, a União Europeia.
A verdade é que a Doutrina Truman e o Plano Marshall constituíram instrumentos importantes da estratégia americana para conter a expansão soviética na Europa Ocidental. Ao longo dos anos, várias outras doutrinas foram formuladas, quer de um lado, quer do outro.
A desconfiança recíproca que se instalou entre as duas superpotências levou a que se agudizasse o clima de "guerra fria", o qual atingiu o auge com a crise de Berlim (1947-48) e com a Guerra da Coreia (1950).
Os tratados da Guerra Fria
Com a crescente histeria anticomunista (nos EUA deu-se início em 1947 à "caça " aos comunistas) a diplomacia americana tratou de assegurar parceiros para o seu embate ideológico contra a URSS. O 1º de uma série de tratados que assinaram foi o TIAR (Tratado Inter-americano de Auxílio Recíproco), assinado no Rio de Janeiro em 1947, afirmando o conceito de "defesa colectiva" do continente americano, que serviu também para que as relações entre os militares se estreitassem.
Também passaram a preocupar-se com a subversão interna, especialmente depois da Revolução Cubana de 1959. a luta anticomunista interna levou-os a instituírem, por meio de golpes militares, os Estados de Segurança Nacional (Brasil em 1964, Argentina em 1966 e novamente em 1976, Peru e Equador em 1968, Uruguai e Chile em 1973).
Em 1949, a 4 de Abril, foi estabelecida o OTAN (North Atlantic Treaty Organization) inicialmente com 12 membros. Com um estado-maior comum, a OTAN tinha a função original de proteger os países ocidentais de um possível ataque das divisões soviéticas estacionadas na Alemanha Oriental. A motivação para que a aliança se realizasse deveu-se à crise de Berlim. Os EUA, ao decidirem reerguer a indústria pesada alemã, assustaram os soviéticos. Stalin ordenou então o bloqueio por terra a Berlim, em protesto contra uma futura República Federal Alemã, vinculada aos americanos. Os aliados ocidentais superaram o problema recorrendo a uma ponto aérea que abasteceu a população de Berlim durante o desentendimento. Enquanto os países do bloco capitalista fundavam a OTAN os países do bloco socialista, liderados pela união soviética, organizaram o Pacto de Varsóvia.
O Pacto de Varsóvia - tratado de Assistência Mútua da Europa Ocidental - foi estabelecido em 1955, em pleno ambiente de Guerra Fria. Assinado pelos países socialistas da Europa oriental, seus objectivos são semelhantes aos da OTAN: ajuda militar em caso de agressões armadas na Europa e consultas sobre problemas de segurança e colaboração política. Compõe-se de tropas dos países-membros e tem sede em Moscovo.
Tanto a OTAN quanto o Pacto de Varsóvia constituem, portanto, alianças militares que se opõem, são resultado da disputa entre duas superpotências e seus aliados pela preservação de seus interesses no mundo. O mundo dos pós-guerra formou um sistema de dependência, no qual as duas superpotências tornaram-se os países centrais.
Os EUA criaram a OTASE (Southeast Asia Treaty Organization), em seguimento ao tratado de defesa colectiva assinado em Manila, capital das Filipinas, em 8 de Setembro de 1954, para conter o expansionismo maoista na Ásia. A OTASE englobava, além dos EUA, antigos colonialismos, como o francês e o inglês, ex-domínios britânicos como a Austrália e a Nova Zelândia, e protectorados, como Filipinas, Tailândia e Paquistão.
Estes tratados reflectiam, cada um a seu modo, a evidência do enorme poder que os EUA exerceram no mundo do pós-guerra e fizeram por ajudar ainda mais o seu vigor económico e financeiro. Num planeta arruinado pela guerra, foi natural que os EUA, potência sobrevivente, reordenasse o mundo, agora como superpotência.
O princípio do fim
As manifestações da Guerra Fria foram diversas: guerrilha verbal, corrida aos armamentos, espionagem, utilização do veto na ONU, etc...
Gerações inteiras crescem à sombra de batalhas nucleares globais que podiam, em seguida, devastar a humanidade. À medida que o tempo passava, ia havendo mais coisas que poderiam correr mal, política e tecnologicamente, num confronto nuclear permanente, baseado na suposição de que só o medo da "destruição mútua inevitável" (mutually assured destruction - MAD) impediria um lado ou outro de apertar o botão.
Com a descoberta da instalação de mísseis soviéticos em Cuba, em 1962, os EUA ameaçam um ataque nuclear e abordam navios soviéticos no Caribe. A URSS recua e retira os mísseis. O perigo nuclear aumenta com a entrada do Reino Unido, da França e da China no rol dos detentores de armas nucleares. Em 1973, as superpotências concordam em desacelerar a corrida armamentista, facto conhecido como Política da Détente. Este acordo dura até 1979, quando a URSS invade o Afeganistão. Em 1985, com a subida ao poder do líder soviético Mikhail Gorbatchov, a tensão e a guerra ideológica entre as superpotências começam a diminuir. O símbolo do final da Guerra Fria é a queda do Muro de Berlim, em 1989. A Alemanha é reunificada e, aos poucos, dissolvem-se os regimes comunistas do leste europeu. Com a desintegração da própria URSS, em 1991, o conflito entre capitalismo e comunismo cede lugar às contradições existentes entre o hemisfério norte, que reúne os países desenvolvidos, e o hemisfério sul, onde está a maioria dos subdesenvolvidos.
Considerações finais
A queda do muro de Berlim, em 1989, e o processo de decomposição do império soviético, que culminou com a autodissolução da URSS, em Dezembro de 1991, são apontados como episódios emblemáticos do fim da Guerra Fria. Entre um acontecimento e outro, ocorreu a invasão do Iraque, comandada pelos EUA. Pouco depois do encerrado o conflito, o então Presidente George Bush anunciava que chegava a hora de construir "uma nova ordem mundial". Para alguns ideólogos, o mundo que emergia do colapso, no leste da Europa, e da vitória dos EUA e dos seus aliados, no Médio Oriente, era a consagração da democracia representativa como sistema político e da economia do mercado, generalizada por um processo de mundialização sem precendentes da produção, da circulação e do sistema financeiro, enfim, sonham com a "globalização".
Ao contrário do que se pensa, tanto os EUA como a URSS beneficiaram com a guerra fria, uma vez que todos os países eram, por definição, pró-capitalistas ou pró-socialistas. Até 1989, quem tentou construir um socialismo diferente do regime burocrático da União Soviética foi logo pressionado economicamente ou militarmente a estabelecer o "verdadeiro socialismo" ou a fortalecer a economia de mercado e os laços comerciais com os Estados Unidos. Basta lembrar o exemplo da Nicarágua.
Por sua vez, as autoridades norte americana, apesar de não possuírem tanto poder de controle sobre a sociedade como as soviéticas, também fizeram uso dessa ideologia para dominar o pensamento crítico. Isso ocorreu principalmente na década de 50, ocasião em que o senador McCarthy, líder de um movimento conservador e nacionalista, conseguiu demitir alguns funcionários de instituições públicas, intervir em sindicatos de oposição, prender intelectuais mais críticos... Para além disso, usou o argumento de "defender a liberdade contra a ameaça comunista".
Há quem garanta que a peculariedade era a de que, em termos objetivos, não existia perigo iminente da guerra fria resultar num conflito mundial. No entanto, esta ideia pode ser consequência de uma visão à posteriori da história, à qual o historiador deve tentar ser o mais imparcial possível.
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