sexta-feira, 25 de março de 2011

Consenso de Washington

A expressão Consenso de Washington, chamada também de neoliberalismo, nasceu em 1989, criada pelo economista inglês John Williamson, ex-funcionário do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Numa conferência do Institute for Intemational Economics (IIE), em Washington, Williamson listou políticas que o governo dos Estados Unidos preconizava para a crise econômica dos países da América Latina.
          Por decisão do Congresso norte-americano, as medidas do Consenso de Washington foram adotadas como imposições na negociação das dívidas externas dos países latino-americanos. Acabaram se tornando o modelo do FMI e do Banco Mundial para todo o planeta. De outro lado, movimentos nacionalistas e de esquerda criticam essa política e protestam contra sua aplicação.
          O neoliberalismo prega que o funcionamento da economia deve ser entregue às leis de mercado. Segundo seus defensores, a presença estatal na economia inibe o setor privado e freia o desenvolvimento. Algumas de suas características são:
Abertura da economia por meio da liberalização financeira e comercial e da eliminação de barreiras aos investimentos estrangeiros;
Amplas privatizações;
Redução de subsídios e gastos sociais por parte dos governos;
Desregulamentação do mercado de trabalho, para permitir novas formas de contratação que reduzam os custos das empresas.
 

          Historicamente, as idéias do neoliberalismo se contrapõem ao keynesianismo – ideário formulado pelo economista John Keynes (1883-1946), dominante no período do pós-guerra,a partir de 1945, que defendia um papel determinante e uma presença ativa do Estado na economia como forma de impulsionar o desenvolvimento.Os mais conhecidos elaboradores do neoliberalismo são os economistas Friedrich Hayek, austríaco, e Milton Friedman, norte-americano, ambos vencedores do Prêmio Nobel de Economia na década de 1970.

Globalização
          Outra palavra que passou a designar a atual fase da economia mundial é globalização. A palavra indica que há crescente interdependência entre mercados, governos, empresas e movimentos sociais em nível global. Se é verdade que as economias dos países estão hoje mais integradas do que nunca, o fenômeno em si começou há muito tempo. Os primeiros passos rumo à conformação de um mercado mundial e a uma economia global remontam aos séculos XV e XVI, com a expansão ultramarina européia. Quando Cristóvão Colombo chegou à América, em 1492, deu início ao que alguns historiadores chamam de primeira globalização. O desenvolvimento do mercantilismo estimulou a procura de diferentes rotas comerciais da Europa para a Ásia e a África, cujas riquezas iriam somar-se aos tesouros extraídos das minas de prata e ouro do continente americano.
          Essas riquezas forneceram a base para a Revolução Industrial no fim do século XVIII. As descobertas científicas e as invenções provocaram enorme expansão dos setores industrializados e ampliaram o mercado para a exportação de produtos.
          Começaram a surgir, no fim do século XIX, as corporações multinacionais, industriais e financeiras, que irão se reforçar e crescer no século seguinte. A interdependência econômica entre as nações tornou-se mais evidente em 1929: após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, a depressão econômica norte-americana teve conseqüências negativas em todo o mundo.
          O fim do século XX assiste a um salto nesse processo. Em 1989 ocorre a queda do Muro de Berlim, marco da derrocada dos regimes comunistas na União Soviética e no Leste Europeu. Nos anos seguintes, esses países serão integrados ao sistema econômico mundial. A integração acentuou-se a partir dos anos 1990, por intermédio da revolução tecnológica, especialmente no setor de telecomunicações. A internet, rede mundial de computadores, revelou-se a mais inovadora tecnologia de comunicação e informação do planeta. As trocas de informações (dados, voz e imagens) tornaram-se quase instantâneas, o que acelerou em muito o fechamento de negócios.
          Com a expansão do comércio, ocorreu a intensificação do fluxo de capitais entre os países. A busca de maior lucratividade levou as empresas a investir cada vez mais no mercado financeiro, que se tornou o epicentro da economia globalizada.
           A atual mobilidade do mercado mundial permite que grandes empresas façam relocalizações de fábricas - nome que se dá ao fechamento de unidades de produção em um local e sua abertura em outra região ou outro país. Esse mecanismo é globalmente usado para cortar gastos com mão-de-obra, encerrando a produção em países nos quais os salários são maiores para organizar a produção onde há custos menores.
          Um exemplo são as "maquiladoras", empresas abertas no norte do México, logo ao sul dos EUA, que apenas montam uma série de produtos, utilizando trabalhadores que recebem salários bem mais baixos que os pagos no mercado norte-americano. Grande parte da recente industrialização da China também ocorre com a abertura de fábricas de multinacionais, que se beneficiam dos baixos salários locais. Esse fenômeno influencia no "desemprego estrutural", ou seja, uma elevação no número de desempregados que não é causada por fatores passageiros (como uma recessão), mas por motivos estruturais da própria economia mundial. Cria-se uma divisão na qual os países ricos concentram as empresas de alta tecnologia, com alto faturamento, espalhando pelo resto do mundo as indústrias que exigem grande quantidade de mão-de-obra.
          Atualmente, os maiores investidores internacionais podem, com o simples acesso ao computador de um banco, retirar milhões de dólares de nações nas quais vislumbram problemas econômicos. Quando os países se tornam excessivamente vulneráveis a esses movimentos bruscos de capital, os organismos internacionais como o FMI podem liberar empréstimos para que possam enfrentar a fuga de dólares. Em contra partida, os governos beneficiados ficam obrigados a obedecer ao receituário ditado pela instituição, que é basicamente o estabelecido pelo Consenso de Washington.
          O problema é que, além de muitas vezes penalizar as populações carentes, por causa da desativação ou da desaceleração dos investimentos sociais, essas políticas tendem a frear o crescimento econômico, por força da maior carga tributária, do congelamento de investimentos públicos e da elevação dos juros.
          A globalização acenou com perspectivas que não se concretizaram. Imaginou-se um mundo integrado economicamente e sem fronteiras. Pelas previsões de seus propagandistas, novas tecnologias e métodos gerenciais promoveriam o aumento geral da produtividade, o bem-estar dos indivíduos e a redução das desigualdades entre as nações.
          Não é isso, porém, que se vê no mundo. Com freqüência, as reformas neoliberais não trouxeram progresso nem melhoraram a distribuição de renda. Em muitas nações, a miséria cresceu, como mostra o relatório citado sobre a América Latina.
          Na África Subsaariana (países ao sul do Saara), a pobreza cresceu muito nesse período. Nessa região, desde 1981, a redução de 13% no PIB per capita fez com que dobrasse o número de pessoas que vivem com menos de 1dólar por dia, de 164 milhões para 314 milhões. Nos países do Leste Europeu, o número de pessoas na miséria atingiu 6%em 2000; antes, esse percentual era quase zero.
          Na verdade, os países industrializados continuaram prosperando mais que os emergentes. Se em 1990 a renda média dos 20%mais ricos da economia mundial era 60 vezes maior que a dos 20% mais pobres, em 1999 ela passou a ser 74 vezes maior.

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