Um terremoto no fundo do oceano. Não seria exagero dizer que ele é o ponto de partida para um fenômeno natural ainda mais assustador: um tsunami ou maremoto, nomes pelas quais são conhecidas as séries de ondas gigantescas que invadem áreas costeiras quilômetros adentro causando terror, mortes e destruição. As ondas comuns são causadas pela transferência de energia dos ventos para a água. O tamanho dessas ondas dependem da força do vento que as cria e da distância sobre a qual ele sopra. Um tsunami é uma onda peculiar, associada ao deslocamento de algo sólido, como placas tectônicas, erupções subaquáticas ou a queda de um meteoro. A taxa de transferência de energia do vento é pequena em comparação à de um terremoto. Quando o fundo do oceano se desloca, a água acompanha o movimento. As ondas de um tsunami costumam ser desencadeadas por terremotos ocorridos nas chamadas falhas propulsoras, em que a direção do deslocamento empurra o fundo do mar e água para cima. Quando o tremor é embaixo da água, ele gera uma onda que vai se propagando. Perto do epicentro, o deslocamento da água pode não ser muito claro por causa da profundidade. Quando a tsunami entra na linha costeira, mais rasa, sua velocidade diminui, mas a altura aumenta. À medida que se aproxima da terra, com a diminuição da profundidade do mar, a onda se agiganta. Um tsunami de alguns centímetros ou metros de altura pode atingir de 30 a 50 metros de altura na costa, com força devastadora. (veja o gráfico) Mas o problema não é tanto a altura, mas o comprimento mar adentro. Em média, uma onda normal que chega à praia de Ipanema, por exemplo, tem de 50 a 100 metros de comprimento. Um tsunami é muito mais comprido, tem quilômetros. Uma onda de seis metros de altura com dois quilômetros de comprimento não pára na praia, ela segue terra adentro. E elas podem viajar pelo oceano com velocidades de mais de 800 quilômetros por hora. É no oceano Pacîfico que existe maior incidência desses desastres naturais por ser uma área cercada de atividades vulcânicas e de freqüentes abalos sísmicos. Como os oceanos Índico e Atlântico são menos ativos geologicamente, é raro o registro de tsunami em suas águas. Mas foi no Índico que formou-se o maremoto que está sendo considerado sem precedentes. Ocorreu no dia 26 de dezembro na ilha de Sumatra, Indonésia, causando estragos em doze países e ceifando a vida de mais de 168 mil pessoas, milhares de desaparecidos e milhões de desabrigados, sem contar o incalculável estrago de cidades, pontes, estradas, portos, navios, etc. Várias pessoas contaram que antes de a onda estourar na praia, houve uma retração enorme do mar. De acordo com Paulo Cesar Rosman, professor do Programa de Engenharia Oceânica da Coppe/UFRJ, isso também ocorre numa onda comum, mas a retração do mar é de, em média, 20 metros. E dura de seis a 12 segundos apenas. Numa tsunami, devido à sua enorme extensão, a retração pode ser de dois quilômetros, ou seja, a água da praia some. E isso pode durar de 15 a 20 minutos. As pessoas costumam achar o fenômeno fantástico, vão lá olhar, e quando vêem o paredão vindo em sua direção, é tarde demais. |
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